Como me tornei behaviorista radical

 

Primeira parte

 

 Graduei-me em jornalismo em uma turma da FIAM que concluiu o curso no fim de  1994. Havia iniciado minhas atividades profissionais no jornalismo antes de terminar a faculdade: desde 1992 prestava serviço para a Editora STS, que mantinha um boletim mensal intitulado STS Negócios, uma publicação então dirigida para pequenos empreendedores.

 

No fim de 1995, fui contratada para trabalhar na Rádio Alpha FM. Continuava a prestar serviços para o STS Negócio que, com o passar dos anos, tornava-se cada vez mais um boletim sobre o que chamávamos desenvolvimento pessoal e gestão de carreira. Trabalhei depois para a VENCER!, revista com foco semelhante ao do STS. Esporadicamente trabalhava como free-lance para publicações como as revistas SuperVarejo (APAS), Alimentos & Tecnologia e outras publicações da Fispal, Supermercado Moderno, entre outras.

 

Fazendo breve balanço das minhas atividades profissionais, conclui que tinha de entender mais sobre comportamento. Se eu estivesse trabalhando em uma matéria para uma revista de varejo, o que tinha de fazer para tentar atrair a atenção do leitor? Teria de conseguir com minhas fontes dicas de como o supermercadista vender mais. E o outro lado? Como ensinar o consumidor a consumir menos? Questionava-me se estava do lado certo. Mas não só isso. Se a matéria fosse, digamos, sobre empregabilidade, teria de tentar convencer meu leitor a adotar novas posturas para aumentar suas possibilidades de recolocação profissional.

 

Escrevi diversos textos sobre questões como essas. Uma hora começou a me incomodar o que julgava ser, digamos, certa uniformidade nas explicações de minhas fontes. Quase todos repetiam mantras como: querer é poder; para mudar o rumo da vida basta ter força de vontade, disciplina, persistência, otimismo; é preciso enfrentar as diversidades da vida com bom humor. Mas como se aprende, ou melhor, como se ensina tudo isso? É possível ensinar persistência a um leitor, por meio de um texto de revista? Saber sobre persistência é suficiente para alguém se comportar com persistência? Questões como essas começaram a me incomodar.

 

Compreendi que precisava estudar comportamento humano. Interessei-me inicialmente pela filosofia. Li alguns dos enciclopedistas e alguns filósofos contemporâneos. Foi um período divertido, mas tinha dúvidas se encontraria resposta para minhas questões sobre comportamento em um curso de filosofia. 

 

Não cogitava estudar psicologia, entre outras razões porque durante minha graduação tive aula com uma psicanalista de primeira, a professora Irene Tisky-Franckowiak. Não sabia se teria entusiasmo em debruçar-me sobre as formulações da psicanálise acerca do comportamento. 

 

Em minhas constantes visitas a sites de programas de pós-graduação, em São Paulo, encontrei o site do programa de Psicologia Experimental: Análise do Comportamento (PEXP) da PUC-SP. Visitei-o muitas vezes. Até que, em abril de 2005, li um edital para selecionar candidatos ao mestrado do programa. Era a primeira vez que o PEXP selecionava candidatos para o segundo semestre. Resolvi me inscrever. Embora houvesse pouco tempo de preparo para a prova, achava que se não entrasse naquele momento me prepararia melhor para o processo seletivo do fim do ano.

 

E assim, mais de dez anos após ter concluído a graduação em jornalismo, resolvia me candidatar a um programa de pós-graduação stricto sensu fora de minha área original.

 

No segundo post da série, conto como se deu, inicialmente, minha incursão pelo behaviorismo radical skinneriano. Adianto que, se eu tivesse de separar minha vida acadêmica e profissional em duas partes, essas partes seriam antes e depois de eu conhecer a obra de B.F. Skinner na ótica dos docentes do PEXP.

Um comentário sobre “Como me tornei behaviorista radical

  1. O análise de comportamento mudou não só a vida da Maria, mas de todos nós. Desde que ela entrou na PUC, ela não perde oportunidade de tentar me ensinar as bases filosóficas e metodológicas da análise do comportamento: no café da manhã, almoço, jantar. Tanto que, na defesa do mestrado, uma das professoras integrantes da banca chegou a dizer que tinha a impressão que eu conhecia tão bem a pesquisa da Maria que seria capaz de apresentá-la ali para a banca.

    Wang

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